quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

E o Grinch em mim só volta para o ano

O Natal acabou e eu estou contente! A época natalícia acaba sempre com a minha alma, o que não quer dizer que não tenha sido boa.
O dia 24 passei-o com o namorado só os dois, foi romântico mas nem nós que gostamos da companhia um do outro aguentámos e depois do jantar fomos a casa de uns amigos que no entretanto nos ligaram...gostei.
Dia 25 como sempre passei-o com a minha família emprestada, desde que a minha mã morreu e o meu pai voltou á sua terra que eu partiho este dia com eles. Tenho a sorte de ter uma família emprestada espetacular com direito a irmãs e primas e avós e avôs e sou feliz junto deles.
A minha irmã mais velha deu-me um caderno todo pipi para eu escrever as minhas aventuras e melhorar a vida deste meu pobre blog, o namorado deu-me um lindo quadro com borboletas do Ikea, e recebi imenso chá para me acalmar e coisinhas para o enxoval(yap enxoval leram bem).
Falámos em casamentos, e namorados e viagens umas com as outras e também fomos o ombro amigo, e a alegria para aquela que estava mais triste entre nós, para isso servem as irmãs e as primas, mesmo as irmãs apenas emprestadas.
Estes últimos dias tenho aproveitado para praticar a minha condução( a minha prenda de Natal foi antecipada, recebi-a dia 22 quando passei no exame de condução) e tenho um namorado maravilhoso que andou comigo para cima e para baixo estes dias para eu praticar :)
Hoje passei o dia a aproveitar o sol com o meu amor grande e o meu amor pequenino a visitar um museu e a andar de bicicleta e a passear no parque e só agora me sentei cansada mas feliz a escrever.
O Natal a mim diz-me pouco mas o meu apesar de tudo o que aconteceu( das tristezas não vale a pena falar) foi bom. Estive rodeada daqueles que eu amo mais e me amam a mim, com quem me sinto em casa, segura e protegida. Ri muito, chorei muito, brinquei muito, cantei muito. Adorei ver a cara do filho do meu namorado a abrir as prendas, adorei ver a cara da minha irmã quando foi andar de carro comigo pela primeira vez, adorei abraçar e dar colinho á minha irmã mais nova. E afinal que é o Natal senão isto: família, amor e a alegria de partilhar da presença uns dos outros.
A minha vida podia ser completamente diferente, mas eu não a queria de mais maneira nenhuma a não ser assim recheada destes momentos que são o que realmente me faz feliz.
Foi um Natal diferente(como todos os meus) mas foi tão bom, tão rico, tão abençoado.
Ás vezes não nos sentimos ricos nem abençoados, mas se olharmos á nossa volta temos tanto para agradecer, tanto.
Que o fim de ano seja igualmente especial é o que desejo para mim e para todos.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

SObre o Natal

O Espírito Natalício não abunda para os meus lados este ano.
Ainda não comprei prendas para ninguém e sinceramente acho que não o vou fazer.
Dia 24 pretendo passar a consoada sentada no meu sofá a beber um bom vinho tinto e a ver as minhas séries.
Não acho deprimente, não é porque estou triste, não é por não ter ninguém com quem passar o Natal é mesmo porque não me apetece.
Árvore de Natal só volto a fazer na minha casa quando tiver um filho (fiz na casa do namorado para o meu enteado e não minto foi divertido) mas na minha casa só quando deixar de ser "minha" e passar a ser "nossa".
Nem sequer é por não ter boas memórias do Natal que felizmente tenho imensas, é mesmo porque este ano falta-me paciência.
Ter trabalhado num shopping durante sete anos matou o meu Espírito Natalício :P de certeza.
Tenho histórias de Natais e Passagens de Ano a trabalhar que nem vos passa pela cabeça.
Só há uma coisa que eu não passo sem...as músicas de Natal...essas aquecem-me a alma e lembram-me da minha mãe...
Portanto "May your days be merry and bright and may all your christmases be white" ;) Ok?
Beijocas aqui da Luz

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A Minha Semana Infernal


Estive a semana passada toda em Londres e ADOREI!!!
Já lá não punha os pés aos anos e soube-me bem, é a minha cidade. Toga a gente se veste bem, toda a gente cheira bem, toda a gente anda de saltos altos...Pelo menos aonde estive foi assim.
Visitei a Hamley’s  fui á Harrods, visitei o Winter Wonderland em Hyde Park.
Poderia dizer-se que a minha semana foi perfeita se não fossem os motivos que me levaram a Londres, trabalho, mais precisamente tomar conta de três crianças que eu tenho a certeza eram afilhadas do Diabo.

Eu sou professora, dou aulas há mais de dois anos, já tive momentos de querer arrancar os cabelos mas nada que se compare a esta semana. Gosto de disciplina, acho que crianças necessitam de rotinas, horários especialmente se tiverem 2, 4 e 6 anos. Não sou uma ama que anda sempre a cantar mas sei brincar e faço o meu trabalho.
Esta semana fui mordida, cuspida, vomitada, bateram-me, puxaram-me o cabelo e desobedeceram-me e para melhorar a situação ameaçaram dizer á mãe que eu era má(quem me dera que eu fosse má porque assim eles iam ver o que era disciplina).

Lembro-me de já ter dado uma aula agarrada a um miúdo que me estava a destruir a sala de aula, lembro-me de ter crianças com necessidades especiais nas minhas turmas e de ser complicado conseguir inserir a criança no plano de aulas de maneira a que aprendesse algo decente, lembro-me de ter um aluno que me disse que eu podia dizer o que quisesse á mãe que ela nunca acreditaria pois ele era um santo, mas nunca em 12 anos de babysitting e 3 de aulas me lembro de ter visto crianças tão indisciplinadas e eu não as culpo, culpo os pais.

Não consegui ser a Mary Poppins que desejava mas  eu acho que até ela se passava após a primeira mordidela que deixasse a marca que a que o bebé me deu deixou. Comprar crianças com brinquedos e ou Mc Donalds é uma barbaridade e eu não sei sequer como é possível recompensar uma criança por se portar mal quando sabe que se deve portar bem.

E pais que acham que o dinheiro compra tudo é daquelas coisas que me assusta.
Liguei trilhentas vezes ao namorado a chorar que queria voltar para casa, planeei fugir e ir ter com a minha melhor amiga que mora a uma hora e meia de Londres e mais do que uma vez acordei mais exausta do que quando me tinha ido deitar e jurei para nunca mais.

Ter que tomar conta de crianças é o meu trabalho agora fazer o papel de mãe e de pai ao mesmo tempo já é pedir de mais.
Andar a prestar atenção não só nas crianças mas no pai também numa loja enorme de brinquedos com medo que ele largasse a criança é demais para mim.

Foi uma semana em cheio e sem que não vou repetir, não tenho pachorra para estas vidas e cansa-me ver tanta irresponsabilidade junta.

E foi por isto que não escrevi, porque andava cansada e só pensava em voltar a casa e ter dois minutos de silêncio sem gritos, choro, e mortos.
Nunca a minha casa me soube tão bem e nunca ver aquilo que me é familiar  me fez apreciar tanto tudo á minha volta.

Eu não sei o que quis Deus ensinar-me com esta semana de inferno mas se Ele pretendia que eu aprendesse a dar valor ao que tenho isso conseguiu.

Home is where your heart is...E o meu está aqui.

Das Coisas Que Me Doem Na Alma


Não gosto de pessoas que deixam coisas por dizer. Ou melhor gosto das pessoas não gosto é que deixem coisas por dizer.
Esse só dar o valor quando já é tarde, o só lembrar de pequenos pormenores que lá sempre estiveram mas que só agora são reparados, é coisa para me magoar a alma e a minha alma por vezes é fraquinha.
Aprendi que se deve dizer as coisas tal como as sentimos quando a minha mãe morreu. Na tarde do dia anterior ela estava ali a chamar-me de chata e na manhã seguinte já não estava e não passa pela cabeça de ninguém o quanto ficou por dizer.
Aquilo que fica por dizer vai moendo cá dentro e por isso a partir daí prometi que diria sempre aquilo que sinto, há dias melhores que outros, mas pior que eu não conseguir dizer é saber que há quem não me diz a mim.
Não prezo muito pelo sentimentalismo e há alturas em que consigo ser um autêntico cubinho de gelo mas quando tenho que falar, quando tenho que expor alguma coisa faço-o sem pensar muito nas consequências, mas ás vezes não pode ser assim, ás vezes há que ser mais sensível, ser contida.
Fazer uma lista de prós e contras, um gráfico, ou apenas ficar em silêncio quando dentro de nós tudo se apaga um bocadinho.
E o pior é que não tinha que ser assim, podia ser diferente, poderia ter sido diferente, mas a pessoas crescem, as pessoas mudam, as pessoas seguem em frente e o voltar atrás deixa de ser uma opção a estrada agora apenas tem um sentido.
It’s al about choices and mine was made a long time ago...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eu AMO A SCOTTURB

Como a menina aqui anda ainda á pala dos transportes porque ainda não tem a carta a CP e a Scotturb são o meu meio de transporte.

Ora eu que trabalho a recibos verdes e dou graças a Deus sequer ter trabalho, e apesar de hoje não ter que dar aulas tenho que planear aulas, explicações, uma viagem em trabalho para Londres para a semana e como tal tenho que deixar tudo preparado.

Estava eu já a entrar em pânico a achar que hoje estava lixada(desculpem o termo) e que não ia conseguir fazer metade das coisas que tenho para fazer quando descobri que ninguém na scotturb the Cascais não fez greve. E eu sou uma mulher semi-feliz, sim porque não se pode ter tudo.

Eu entendo que estejam a lutar pelos seus direitos, não entendo é em como esta greve geral ajuda em alguma coisa.

Mas talvez seja eu a burrinha da política.

De qualquer maneira gosto dos senhores motoristas da scotturb que estão a produzir e ajudar os outros a produzir principalmente aqueles que não tem escolha.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

E PASSEI

Está carta de condução anda a ser um mega stress na minha vida e por vezes serve também como atestado de burrice(pelo menos é assim que me faz sentir).

Mas hoje,HOJE, meus amigos eu passei no Exame de Código e estou TÃOOOO mas TÃOOOO feliz que não passa pela cabeça de ninguém.

Mais uma meta na minha vida :)

E venha agora a condução!

sábado, 19 de novembro de 2011

Hoje

Hoje dei por mim a pensar nas coisas que eu achava que me iriam fazer feliz há uns anos atrás.
E estive um bom tempo a pensar nelas e a rir-me com os meus botões.

Tudo isto estava-se a passar pela minha mente enquanto dobrava meias e roupa interior que não é a minha.
E me apercebi que estava realmente feliz, sentada naquele sofá a fazer coisas tão mundanas como dobrar meias e roupa interior que não é a minha.

Hoje foi um bom dia, um dia feliz, até porque o strogonoff do almoço e os cupcakes de aniversário do love sairam bem e fui elogiada e ser elogiada sabe sempre bem :D

Nem a chuva e o temporal lá fora me tiram este calorzinho da alma e do coração.

Aproveitem.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Voz



 (All Rights Reserved to The Red Thread Movement)



Somos responsáveis por aquilo que sabemos!


  O meu nome e Amisha.
Quando tinha 12 anos vivia numa pequena vila com a minha família. Estudei até ao sexto ano mas a minha família não tinha dinheiro para que eu pudesse completar os meus estudos. Ajudava os meus pais com o trabalho, eles estavam felizes comigo mas eu não estava feliz porque continuávamos sem dinheiro.
Até que um dia um estranho veio até a nossa vila e pediu-me em casamento, eu estava com medo e disse que não, mas ele não desistiu. Os meus pais obrigaram-me a casar com ele, ele tinha 26 anos. Ele pediu-me para ir com ele para a Índia e prometeu-me que seriamos muito felizes lá. Quando chegámos á fronteira o meu “marido” vendeu-me a outro traficante. Esse traficante levou-me a pé até á Índia.
Acabei em Bombay aonde fui vendida a um homem que me mantinha em sua casa. Durante três dias não comi nada e esse homem trazia os seus amigos até mim para que abusassem de mim.
Esse traficante vendeu-me a um dono de um bordel que me disse que eu tinha que lhe pagar um dívida de $700 tendo relações sexuais com qualquer homem que ele me trouxesse.
Eu respondi-lhe que não e ele e os seus amigos violaram-me uns a seguir aos outros.
Puseram-me num quarto com outras 70 meninas Nepalesas. Dormíamos em pequenos colchões todos sujos e as nossas camas estavam separadas por lençóis. Eles mandavam á volta de 20-25 homens por dia para abusarem de nós.
Primeiro rejeitava os clientes mas de cada vez que o fazia batiam-me até sangrar ou até partirem-me as costelas.
Davam-me drogas para me manter sedada. Estive lá durante 4 anos. Até que me venderam a outro dono de um bordel que me disse que eu tinha que pagar uma dívida, eu nunca vi nenhum desse dinheiro. Estive grávida duas vezes e das duas vezes eles obrigaram-me a abortar.
Aos 19 anos descobriram que eu tinha HIV e fui deixada nas ruas, prostitui-me para tentar arranjar algum dinheiro para poder voltar para casa, após apenas dois meses voltaram a apanhar-me e voltaram a vender-me.”

Amisha é uma menina de verdade, mas esta não é a sua verdadeira história. Ela foi resgatada na fronteira pelo staff da KIN e ficou alojada numa casa de apoio antes de voltar para casa. Mas para tantas outras meninas que não são resgatadas a primeira história é a sua realidade. Estas meninas mesmo depois de serem resgatadas, muitas vezes têm tanto medo e tanta vergonha de contar as suas histórias. Aqueles que são escravizados mantêm o silêncio para que possam sobreviver. Para cada menina que conta a sua história existem milhares que irão manter o silêncio.

Você pode ser a voz destas meninas. Partilhe a sua história.

( Traduzido do panfleto The Red Thread Movement)

Conheci o The Red Thread Movement no lançamento de CD de uma banda de uns amigos. Estavam a vender as pulseiras á porta e como quem estava a vende-las era uma das minhas amigas comprei uma e comecei a fazer perguntas.
O The Red Thread Movement é uma organização fundada por três estudantes universitárias americanas que divulga informação sobre o tráfico humano e a prostituição de mulheres e meninas neste caso do Nepal. Mas este não é um problema que aflige só o Nepal, é um problema a nível mundial e do qual se fala pouco comparando-o com o tráfico de armas ou de drogas.

Estes são alguns factos que aparecem em imensas publicações e no panfleto em questão. Vamos lê-lo mantendo em mente de que somos responsáveis por aquilo que sabemos.

·      Existe um maior número de pessoas escravizadas em pleno século XXI do que no topo da era do comercio de escravos.
·      Adultos e crianças em trabalho forçado e prostituição á volta do mundo: 12.3 milhões ( Relatório de pessoas Traficadas, 2010)
·      A seguir ás drogas, o tráfico humano, é o segundo maior negocio criminoso. ( Departamento de Estado do E.U.A)
·      O mercado global do tráfico de crianças lucra para mais de 12 bilhões de dólares, e mais de 2 milhões de vitimas são crianças (UNICEF)
·      Existem mais de 300,000 crianças em risco por ano para serem exploradas na industria do sexo. (Departamento de Justiça dos E.U.A)
·      A idade média de entrada na industria do sexo é de 12 anos. (Departamento de Justiça do E.U.A)
·      Foi estimado que 100,000 menores são envolvidos na industria do sexo nos Estados Unidos da América (Projecto Polaris)
·      Aproximadamente 80% da vitimas de tráfico humano são mulheres e meninas...50% destas são menores. ( Departamento de Estado do E.U.A)
·      Um número estimado de 30-40,00 mulheres e meninas são traficadas do Nepal para a Índia todos os anos ( embora a maior parte dos documentos diga que o número é de 12,000  outras ONG’s  Nepalesas incluindo a KIN, estimam que o numero seja maior baseado no número de situações de trafico humano com as quais têm lidado nas unidades das fronteiras diariamente)
·      Num único Distrito Vermelho em Mumbai existem aproximadamente 20,000 meninas Nepalesas em prostituição forçada (KIN)
·      Aos 16 anos aproximadamente 60% das meninas Nepalesas nestes bordeis em Mumbai terão contraído HIV. (KIN)

Estes números são assustadores.
Neste caso especifico o Red Thread Movement foca-se nas meninas do Nepal, mas ao nosso lado , bem á frente dos nossos narizes pode estar a acontecer.

Como já havia mencionado isto é uma situação global.
Estamos todos vulneráveis mas mais ainda sendo mulheres.
A pobreza, a guerra, desastres naturais, ser órfã, viver na rua, as leis de emigração de cada pais ( ás vezes por não poderem mover-se legalmente num determinado pais e ter que viver ás escondidas há uma susceptibilidade maior  para este tipo de crime), pessoas que se aproximam de nós com interesse romântico, e não esqueçamos a procura (só se pode vender aquilo que querem comprar), o dinheiro (traficantes são motivado por dinheiro. Quantas vezes se pode vender uma bala ilegal?? Mas quantas vezes se pode vender uma menina de 13 anos? As pessoas podem ser vendidas inúmeras vezes o que faz com que o tráfico humano seja bastante lucrativo).

Para que este problema seja ainda mais real aqui estão alguns factos sobre o tráfico humano na U.E.

A Bulgária é uma fonte de tráfico humano e também um país de transito( países por onde as vitimas passam antes de chegarem ao seu destino final). As vitimas são traficadas a partir do Médio Oriente, Ucrânia, Moldávia e Roménia passando através da Bulgária para a Alemanha, Bélgica, França, Itália, Espanha, Áustria, Noruega, Republica Checa, Polónia, Grécia, Turquia e Bulgária. ( Fonte: http://news.xinhuanet.com/english/2010-01/11/content_12791369.htm )

A França é o país de destino para mulheres e meninas traficadas para exploração sexual da Roménia, Bulgária, Albânia, Nigéria, Serra Leoa, Camarões, Malásia e outros países da Ásia. (Fonte: http://gvnet.com/humantrafficking/France-2.htm )

Mesmo depois de verem está informação podem estar a pensar “Mas o que é que posso fazer?” “ De certeza que não há muito que EU possa fazer.”

Aí é onde se enganam, HÁ muito que pode ser feito que não é feito pela policia, ou pelo os serviços de emigração.

Nós podemos dar voz a estas meninas, a estas mulheres, a estas pessoas.

Contar a sua história partilhar estes factos, aderir a diferentes campanhas.

Espanha e Portugal (sim o nosso Portugal) são países de transito. Enquanto eu escrevo estas palavras muitas mulheres estão no nosso pias clandestinamente á espera para serem traficadas para o pais de destino.

Organizações como o The Red Thread Movement e o Stop The Traffik dão toda a informação necessária.

Espalhar a palavra e ter pessoas em locais como fronteiras e alfandegas preparadas para ver os sinais de perigo é importante.

Informar a nossa comunidades, as nossas crianças, os nossos adolescentes para este potencial perigo é importante. (Imaginem se alguém tivesse falado a estas meninas e a estas mulheres?)

Eu uso a pulseira vermelha do The Red Thread Movement, e sim é só uma pulseira mas quando eu olho para a minha pulseira e SEI que foi uma menina Nepalesa resgatada do tráfico humano que a fez numa das casas de apoio no Nepal a minha pulseira deixa de ser SÓ uma pulseira e passa a ser uma lembrança de que Eu Posso Ser A Voz Dessas Meninas. Eu posso contar a sua história e ao contar a sua história eu posso salvar uma vida.
Por cada pulseira vendida (custam 2 euros) os fundos revertem integralmente para a construção de casas de apoio e abrigo para estas meninas do Nepal.



A maior parte dos traficantes não é condenado porque estas meninas tem medo, tem vergonha, estão traumatizadas e só querem esquecer os horrores por que passaram. Torna-se então o minha responsabilidade porque sei das suas historias não deixá-los sair impunes.

Somos responsáveis por aquilo que sabemos... a minha pulseira vermelha é uma lembrança disso.






(Toda a informação neste post foi tirada do panfleto do The Red Thread Movement e do site do Stop Traffik)



Agora que já sabem vão continuar em silêncio?



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

“You can live your whole life not realizing that what you're looking for is right in front of you.” ― David Nicholls, One Day

E é este pensamento que me enche de medo. Aquele medo que nos faz suar frio.

É nisto que eu fico acordada a pensar ás 3 da manhã.

E porquê perguntam vocês?

Porque sou parva que doí...

Exactamente isso.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Tempo


Lembro-me  uns treze ou catorze anos e de a minha mãe me dizer para “Não apressar o tempo”. Acho que essa frase surgiu porque eu com essa idade passava a vida a sonhar com os meus 18, ser adulta, ir para a faculdade, viver sozinha, ter carta. Sonhava então com a minha independência.
O problema da independência é que nós só vemos a parte boa, não existe razão nenhuma para ver que vamos estar sozinhos, com contas para pagar, num trabalho que não gostamos a tentar não nos afundar. Essa parte ninguém nos dá a conhecer.

Eu conquistei a minha independência aos 17 anos a minha mãe faleceu(faleceu odeio essa palavra, morreu pronto) quando eu tinha 16 anos e o meu pai voltou para a sua terra natal e o meu irmão mais novo foi estudar para fora. Pois é ninguém nos avisa.
Quando recebi o meu primeiro salário e embora estivesse habituada a gerir uma casa nunca tinha tido tanto dinheiro só para mim. Depois de pagar a renda de um quartinho manhoso em Lisboa resolvi que havia de ser feliz, e fui durante duas semanas, até que o dinheiro acabou e andei o resto do mês a nestum e pão e já foi com muita sorte. Aprendi.

Mas ao 17 ainda era uma miúda, que se achava, mas uma miúda. Não que agora com 25 anos me ache muito velha, não acho, embora já não tenha vontade nenhuma de fazer o que fiz dos 17 aos 21 anos. Já me sabe bem estar sozinha em casa, já me sabe bem o livro e o chá em vez do vodka e do gin, sabe-me bem o silêncio em vez das batidas da noite. Não estou velha estou sensata :P
Aos 17 anos tinha a certeza que tinha todo o tempo do mundo para fazer aquilo que me apetecesse. Não foi por achar isso que não me empenhei, mas se calhar o esforço não foi tanto como o que estou a despender agora.

Entrei em enfermagem este ano, um sonho antigo do qual eu já havia desistido. Já tinha tentado de tudo, aqui e no estrangeiro mas por uma ou outra razão não conseguia nada ou não havia dinheiro, ou logo eu me punha a pensar no “Como vou eu fazer isto?”. No dia que desliguei o telefonema com a faculdade, no qual eles me disseram que podia me inscrever para o primeiro ano sem problema nenhum chorei. Chorei de alegria e de tanta frustração acumulada por tanta, tanta coisa.

Eu sei que a minha pessoa de 25 anos dá muito mais valor a esta conquista, se vai esforçar mais, e está disposta a fazer sacrifícios que a minha pessoa de 17 anos nem sequer sonhava possível.
“Não apresses o tempo.”
Não apressei, acabei até por atrasar, outras prioridades fizeram a sua casa no meu coração e agora a minha pessoa de 25 anos vai ter que as saber gerir.

O tempo as vezes escorre-nos pelos dedos e nós nem damos conta porque continuamos a pensar que temos todo o tempo do mundo.
Mas a verdade é que o tempo é que nos tem todos na mão.
É obvio para mim, agora, não era antes e não faz mal.
Maioritariamente foi nisto que passei o dia ontem a contemplar após terminar o tal livro que vos falei.
É esse desperdiçar que me mata, é esse achar que vamos viver para sempre.
Eu acredito que a total felicidade ainda está para vir, depois da morte, mas quero saber que vou e que deixo um legado, qualquer coisa.
E espero sinceramente que esse legado não sejam as historias dos copos de vodka e de gin, dos beijos as escondidas em vãos de escada e bares escuros, os cigarros fumados ás escondidas ou a roupa que tinha vestida, as parvoeiras que disse ou as asneiras que fiz.

Como dizia no livro “viver apaixonadamente, completamente e bem. Apreciar os meus amigos...amar e ser amada.”

É tão simples...

Já entendo o “Não apresses o tempo” da minha mãe ;)

Imaginem

Imaginem o que era desperdiçarem 15 anos da vossa vida á procura da pessoa perfeita, quando a pessoa perfeita era o vosso/a melhor amigo/a que esteve sempre lá para vocês. E que finalmente após 15 anos lá acabam por entender que foram feitos um para o outro e estão finalmente a viver a vossa linda historia de amor quando de repente o/a Vosso/a Melhor Amigo/a e amor da vossa vida morre repentinamente.

Eu chorei, chorei muito quando li esta história que até vos dizia de que livro é mas não quero porque vocês matavam-me.

Eu não gosto de finais felizes, deixam-me desconfiada. Parecem-me forçados, e pouco naturais, mas também assim ver tanta coisa perdida em segundos matou-me um bocadinho por dentro e fez-me pensar, fez-me pensar muito. Na vida, principalmente...na Vida. E na Morte também.

 E no Desperdiçar... O desperdiçar acabou com a minha alma.

15 anos de desperdicio, 2 anos de amor, 1 segundo...tudo acabou.
As coisas acabam, um dia, será que estamos preparados para isso?

A minha pessoa

Todos nós temos uma pessoa dentro da nossa pessoa.

Uma pessoa que sente tudo diferente dentro de nós, do que aquilo que sentimos cá fora. Muito provavelmente sente as coisas tal qual deveriam ser sentidas, mas que a nossa pessoa de fora não deixa.
A minha pessoa de dentro é sensata, boa ouvinte, amiga, confidente, alegre, persistente, amavel, e sabe toda a verdade. A minha pessoa de fora é que passa a vida a dar ordens e a mentir á minha pessoa de dentro.
A minha pessoa de dentro entende o mundo, as pessoas, os animais e o sistema á sua volta. A minha pessoa de fora é muito mais resingona e impaciente com tudo á sua volta.

A minha pessoa reconhece a sua pessoa dentro de outra pessoa. A minha pessoa de dentro reconhece dentro de outra pessoa as pessoas que são boas e as que não são tão boas.
A minha pessoa de dentro por vezes sofre desmusuradamente com as consequências da minha pessoa de fora.
A minha pessoa de dentro chora muito.

A minha pessoa de dentro diz sempre a verdade. É sempre honesta. Sempre atenta.
A minha pessoa de dentro é simples, tão, tão simples que irrita a minha pessoa de fora.
A minha pessoa de dentro acredita. A minha pessoa de fora desconfia.
A minha pessoa de dentro gosta de se sentar num banco de rua de pernas para o ar a ver o mundo passar.
A minha pessoa de dentro gosta de levar com ondas em cima e dizer que é fada.
A minha pessoa de dentro gosta de se rir até ás lagrimas.
A minha pessoa de fora acha tudo isso uma estupidez, ora devemos ser adultas, devemos ser responsaveis.

A minha pessoa de dentro gosta de ler livros, ás vezes repeti-los.
A minha pessoa de dentro gosta de ver series e novelas e desenhos animados.
A minha pessoa de dentro gosta de cacau quente e mantas nos joelhos e ás vezes até de tricotar.
A minha pessoa de fora gosta de jornais e noticiarios e política.

A minha pessoa de dentro aprecia surpresas e bilhetes e flores,
Beijinhos, abraços e conversas parvas.
A minha pessoa de dentro aprecia cartas, e fotografias engraçadas e falar com pessoas.
A minha pessoa de fora acha o romantismo nojento e é um tanto ou quanto antipatica ás vezes.

A minha pessoa de dentro ama os seus amigos.
A minha pessoa de fora ama a solidão.
A minha pessoa de dentro contempla.
A minha pessoa de fora é um furacão.

A minha pessoa de dentro crê.
A minha pessoa de fora é céptica.

A minha pessoa de dentro sonha.
A minha pessoa de fora desmorona.

A minha pessoa de dentro quer ser feliz.
A minha pessoa de fora quer algo pálpavel.
A minha pessoa de dentro só quer amar e ser amada.
A minha pessoa de fora conforma-se.




O problema é que metade de mim é a minha pessoa de dentro e metade a minha pessoa de fora.
E ás vezes distingui-las é difícil. E ouvi-las quase impossível.
Porque a minha pessoa de dentro é sabedoria e a minha pessoa de fora é entendimento.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A vida dá voltas e a minha passa a vida a girar...


Tenho andado pela blogosfera mas muito caladinha porque nem sabia por onde começar.
Na realidade tenho imensas coisas para contar, já não vou mudar de casa, arranjei uma colega de casa maravilhosa, já não vou para o Congo, ando morta á procura de um trabalho que me pague um salário minimamente decente(sonhar não custa nada) mas não estava a conseguir  expressar tanta coisa por palavras. 
Ás vezes até as palavras nos falham.

Sempre fui uma criança persistente, eu digo persistente o meu pai diz que eu sou teimosa. Nunca, pelo menos não que me lembre, desisti de uma ideia. Muitas vezes irritava-me, encontrava um obstáculo e chorava e logo arregaçava as mangas e ia de novo a luta.

Acho que em parte foi esta maneira de ser que me fez ultrapassar a morte da minha mãe, também foi a minha maneira de ser que me levou a aguentar trabalhos diversos que me faziam mal á alma e ao espírito mas pagavam as contas. Sempre fui má perdedora, a ideia de me deixar ficar agoniava-me.

O meu maior sonho desde que me conheço por gente era ir para a faculdade. Cresci numa família que dava importância a isso, cresci incumbida de completar essa missão.
Nunca fui uma excelente aluna mas tinha boas notas, esforçava-me, estudava, e trabalhava. Literatura era a minha paixão mas a ciência sempre conseguiu captar a atenção da minha pessoa melhor que nada. Após a doença da minha mãe e de ver as enfermeiras do hospital achei que daria uma boa enfermeira. Ajudar alguém numa altura má da vida parecia-me ser algo que eu conseguiria fazer para o resto da minha vida. Isso e ir para terras longínquas ajudar os mais pobres.

Depois de acabar a escola tentei tudo e mais alguma coisa para entrar na faculdade mas nunca me deparei com tamanhos impedimentos, ou era porque o meu diploma era de uma escola internacional, ou por não ser portuguesa, porque as minha notas não eram boas, faltava-me isto e aquilo. Tentei no meu país mas os Estados Unidos não são para mim, ir viver para lá ia fazer de mim uma pessoa triste, a minha vida é diferente e adaptar-me ao estilo de vida americano ia ser demasiado difícil para mim. Sobrava-me Inglaterra, é aqui perto, tem boas faculdades e depois de um processo moroso e stressante recebi a bela resposta de que me faltava uma cadeira de biologia e que se quisesse entrar tinha que repetir o secundário. Ia-me dando o fanico. Desisti!
Após 4 anos de luta constante não tinha mais forças, nem paciência, nem argumentos para continuar a perseguir um sonho que teimava em fugir-me por entre os dedos.
Nunca me lembrei de tentar a privada, nunca pensei nisso porque pessoas com salários mínimos e casas com rendas altas e contas para pagar não pensam nisso, a não ser que não tenham outra hipótese. Desperate times, desperate measures!

Por empurrão de uma amiga lá telefonei eu a achar que dali não saia nada, que me iam exigir exames nacionais que não tinha, implicar com o diploma, ou perguntar-me se eu não estava parva por pensar que sequer havia tal possibilidade. Mas não foi isso que aconteceu. Explicaram-me que ainda tinham vagas, que eu era mais que bem vinda a inscrever-me, que tinha que assinar um papel em como apresentaria os resultados do meu exame nacional ao inscrever-me para o 2º ano de enfermagem mas que até lá podia assistir ás aulas e fazer o meu primeiro ano normalmente, o meu diploma foi aceite e eu desliguei o telefone em tal estado que só me dava para chorar. 4 anos não sei eu quantos "NÃO" na minha cara, portas a fecharem-se mas a minha persistência rendeu o seu fruto e em Março lá vou eu para a faculdade com a minha amiga do empurrãozinho para ser uma senhora enfermeira.

A viagem que tinha planeada para o Congo teve que ser cancelada e embora saiba que iria ser uma experiência fantástica não ia completar-me da maneira que estar na faculdade me completa. Que embora fosse ajudar, e que ia para um lugar onde acreditem toda a ajuda é necessária, não iria sentir o nível de felicidade que estou a sentir agora.
Sair do meu apartamento deixou de ser uma opção porque preciso mesmo de uma casa e então assim do nada uma amiga decidiu que queria mudar-se e que a minha casa era um bom sitio. Em Dezembro tenho uma nova colega.
Tudo o que foi empacotado agora tem que ser desempacotado mas vai ser de espírito leve que o irei fazer e feliz, feliz porque todo o sacrifício surtiu efeito.

Não sei explicar o porquê das coisas, sinceramente o porquê nem sequer me interessa. Não quero saber do como, nem do quando, nem do onde, só me interessa que consegui.
Deus tem o seu plano e eu acredito nesse plano, acredito que com 25 anos já poderia ter o curso feito, casado e tido uma penca de filhos e se calhar se assim fosse não tinha feito metade do que pude fazer, ou ver metade do que vi.
Se é frustrante ás vezes? Claro, muitas vezes é frustrante, há nossa volta é ver os nossos amigos a entrar na faculdade, graduar, namorar, casar, ter bebés e nós, nós continuamos a trabalhar numa loja de shopping para pagar contas, chegamos a casa rotas e de tal maneira cansadas que a última coisa que queremos é namorar, queremos é estar sozinhas, que nos deixem em paz. 
Algumas conformam-se, e eu ás vezes penso se não seria melhor ter-me conformado também mas quando penso naquiloem que eu me teria transformado agradeço a Deus nunca o ter feito.
Tenho 25 anos, uma casa, uma colega de casa fantástica, um namorado maravilhoso, uma família emprestada  que nunca desistiu de mim e finalmente consegui fazer aquilo que mais queria, entrar na faculdade, e aquilo que me faz dar o devido valor a isso foram os 7 anos horripilantes de shopping a fazer o que não gostava.
Fazia o que não gostava mas dava sempre o meu melhor, se tiver que para lá voltar durante estes 4 anos de faculdade volto e darei sempre o meu melhor porque esse trabalho vai pagar-me a faculdade(que é cara que se farta) e se calhar desta vez vou olhar para o meu trabalho e vou agradecer-lhe porque me ensinou o valor a dar ao que realmente queremos.

Acredito que a chave para o sucesso está em nunca desistir. Se mais nada deste post ficar ou interessar que fique esta mensagem. Nunca desistir!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Mudança e Eu

Nunca fui grande adepta de mudanças. Pode ter algo a ver com o ter andado constantemente a mudar de casa quando era criança, e depois as 9 vezes que mudei em 2 anos já em adolescente. A mudança a mim é uma cena que não me assiste e que me assusta mais do que descer uma estrada nacional num skate.

Estou aqui sentada na minha mesa da sala de jantar a olhar para a imensidão de livros na minha estante e a pensar que a última coisa que quero é empacotar isto tudo. Olho para o meu quarto e penso a mesma coisa, olho para a minha cozinha e fico a pensar o quanto eu já la fui feliz, nos jantares que fiz com amor e nos momentos divertidos que passei na cozinha. Para a maior parte das pessoas secalhar uma cozinha não diz tanto, até é um lugar por norma detestado, mas eu já fui mesmo muito feliz na minha cozinha.
Lembro-me do primeiro dia que passei nesta casa, depois de tudo arrumado, limpo e as compras arrumadas na dispensa a primeira coisa que fiz foi tirar uma foto á bendita dispensa porque era a  MINHA primeira dispensa, cheia de coisinhas que EU tinha comprado. Que felicidade que senti!

Sou uma pessoa que gosta de estar em casa, gosto de ficar sentada no meu sofá a ver uma serie, gosto de estar sossegada no meu computador no silêncio a fazer as minhas coisas, gosto de me sentar na minha maquina de secar ao pé da janela e ver a vida a acontecer lá fora. Quando o meu dia não corre bem aquilo que o meu ser mais deseja é retornar a casa tomar um banho enfiar-me na cama com um chá e ler um bom livro, ou ver uma série. Não preciso muito de ser feliz.

A minha aversão á mudança existe porque a mudança ás vezes é desconhecida, ás vezes é pouco segura, ás vezes é como nos puxarem o tapete debaixo dos pés. E eu não gosto!
Existem pessoas que são muito boas, que tem esquemas, e maneiras que funcionam para eles, para mim a mudança seja o prático ou o emocional faz-me ficar doente, dá-me dores de barriga, faz com que o meu coração bata mais rápido.
Todas estas dúvidas assaltam a minha mente e começam a deixar-me nervosa, não consigo dormir, fico a duvidar de mim mesma e das decisões que tomei. Ser esta pessoa impulsiva também não ajuda em nada e pensar com as minhas emoções também não. O meu pai diz que quando decidimos algo não voltamos atrás e eu gostava de ser tão mais como ele, mas não sou.
A minha casa não é nada de especial, a maior parte das pessoas olhando para a minha casa e sabendo para onde vou agora iriam dar-me uma berlaitada, mas é MINHA, e eu investi muito nela.
Esta casa não é só uma casa, esta casa representou a minha liberdade, a minha passagem para ser uma verdadeira adulta, sabe os meus segredos todos, e dos momentos em que fui mais feliz, e daqueles em que fui mais triste e muitos que nem vale a pena comentar.

Começar de novo é algo que me devia ser natural, porque toda a minha vida foi assim, um constante começar sem nunca assentar e depois começava-se de novo. Eu fui uma criança feliz mesmo no meio dessa incerteza, em parte porque tinha uma mãe maravilhosa e em parte porque as crianças são mestres em arranjar mecanismos de suporte para estas situações.
A diferença é que eu já não tenho a minha mãe e também já não sou uma criança, a minha realidade hoje em dia é completamente diferente. Sei que não estou sozinha, tenho em mim uma paz que pode por vezes ser ofuscada pelo meu stress mas que está sempre la a brilhar para guiar o barco através do nevoeiro a porto seguro.
Todas as pessoas têm um porto seguro, eu não sou excepção, e muitas vezes esses portos nem sabem que papel ocupam na nossa vida:)

Eu sei que se avizinham dias de grande stress, de muita choradeira e de ainda mais frustração, mas também sei que não estou sozinha e que em mim vive um espirito resiliente que fára aquilo que tem que ser feito e vou sair victoriosa.

" Se aprendi algo na vida é que tudo passa"
Isto também passará :)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sou Assim E Gosto

Sou uma pessoa de absolutos, sempre fui e não sei ser de outra maneira. Se gosto é porque gosto, se não gosto então não gosto. Não sei o que é gostar mais ou menos, ou não saber exactamente. Posso por vezes não fazer a mínima ideia daquilo que quero, mas lá está, quando não sei também não sei mesmo, não é nunca um "secalhar pode ser isto, ou secalhar aquilo", não sei e pronto e vou tentando descobrir.E normalmente até sei só não o digo por esta e outra razão e pode parecer que ando no cinzento.

Ser assim já me trouxe alguns dissabores, já me fez dizer coisas de maneiras que talvez hoje me arrependa. Já disse que não gostava e depois passei a gostar mas ao menos não estive nunca no cinzento, é sempre branco ou preto.

A Filosofia sempre me deixou desconfiada, aquela constante incerteza, e busca assim muito no "in between" deixa-me de pé atrás, ou talvez seja só porque o meu pai gostava e eu tinha que ser o oposto.
Asfixia-me aquela ideia do não saber, do estar indeciso, do "não sei se diga, não sei se faça". Mata-me aos bocadinhos.

Claro que sei que há muito boa gente que é assim, no meio, e que é feliz a ser neutro, mas eu gosto do 8 e do 80.

Quando ponho em causa alguma coisa, quando não tenho certezas não me pronuncio, as palavras sábias da minha mãe "se não tens nada de bom e inteligente para dizer fica calada" vem-me á mente e eu sigo o conselho que nunca me deixou mal.

Agora quando tenho certezas, quando acredito em algo ninguém me pára. Já me mandaram para a rua quando andava no Secundário por defender os direitos dos trabalhadores mexicanos, por achar que embora economicamente o meu próprio país saía a ganhar eu não concordava com a maneira como o meu professor havia exposto a situação fazendo parecer que o meu país estava a estender a mão a quem precisava quando na realidade estava a aproveitar-se da situação. Fui para a rua por ter uma opinião mas fui de consciência tranquila.
Sou firme nas minhas crenças, não me deixo ir abaixo, não concordo para ser aceite, e não faço a ou b a pensar no que hão-de pensar de mim. Sou terrivelmente honesta e as vezes magoo as pessoas a minha volta.

Portanto não concebo o viver nas incerteza. Afecta-me de tal maneira o sistema nervoso que me sinto mal disposta, tonta com vontade de gritar.
Fui criada assim a ser honesta, ponderada, firme, e decidida e não sei ser de outra maneira. Claro que há dias em que sou melhor que outros, mas a norma é esta e nunca ao contrário.

A minha personalidade vincada vem de pequenina, sempre fui independente, sempre tive uma opinião, e a medida que uso para julgar alguém uso com maior força para me julgar a mim mesma. Tenho os meus valores vincados em mim desde miuda e nem sempre estes estão em total acordo com o Universo á minha volta.
Não podemos agradar a Gregos e Troianos. Temos direito a uma opinião mas a nossa liberdade acaba aonde a de outra pessoa começa, e ai entra o respeito pelas opiniões alheias, as crenças alheias e tudo o resto que não entre em acordo com o que acreditamos. Pelo menos eu acredito nisso.

 Mas também acredito que há coisas erradas, muito erradas e que calarmo-nos por respeito é ainda mais errado. Mas como para tudo há maneiras e maneiras.
Há alturas em que o melhor mesmo é levantar a bandeira branca.

O maior problema de ser assim é que não nos contentamos, como temos padrões altos para nós próprios impomos esses mesmos padrões a quem está a nossa volta, a quem nos é proximo, a quem amamos. E muitas vezes essas expectativas não são reais e criam um certo desconforto, porque existem pessoas que são felizes no cinzento, que preferem esse lugar mais neutro, que não gostam do 8 e do 80 porque não se sentem seguros.

As expectativas que temos não são portanto saúdaveis e por vezes destroem coisas bonitas porque trazem frustração e desilusão para relacionamentos outrora saúdaveis e alegres.
É o que se faz com essas expectativas que faz a diferença entre o cair no abismo ou escalar a montanha. Quando deixamos que a frustração e a desilusão tomem conta de nós já estamos a perder para o abismo, agora quando escolhemos ouvir, lutar, acreditar estamos a escalar a montanha.
Eu gosto de pensar que escalo a montanha, mas até o alpinista mais experiente precisa de descansar e por os pensamentos em perspectiva, porque senão a meio da escalada cansa-se.

É nesse lugar onde me encontro agora. Sendo uma pessoa de absolutos e ideias fixas e uma honestidade ás vezes crua, tenho semelhantes expectativas para aqueles que amo, e quando essas pessoas não atingem o nivel que gostava de ver deparo-me com a escolha de cair no abismo ou continuar a escalada. Eu quero continuar a escalar, mas estou cansada e preciso de pôr as ideias na perspectiva correcta e lidar com coisas como o perdão, a paciência, o amor, a raiva, a frustração e até com a imensa vontade de me atirar para o abismo só porque já estou farta.

Está alpinista aqui vai sentar-se a meio da montanha olhar o pôr do sol e pedir ao Senhor Deus o discernimento para tomar a decisão correcta ( que com toda a certeza não vai incluir o atirar-me para o abismo) e ficar a descansar até sentir paz e força para voltar a escalar a montanha.

E neste preciso momento essa é também a única expectativa que eu vou por na minha lista de expectativas que tenho para aqueles a minha volta: Discernimento para tomar decisões importantes que sejam brancas ou pretas e nunca cinzentas.

Pode ser que um dia nos encontre-mos no cimo da montanha ;)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ás vezes...

Hoje magoei alguém que amo. Não gosto de magoar quem amo, não gosto de magoar ninguém, mas tenho esta habilidade natural de saber magoar alguém com as minhas palavras. Não o faço com essa intenção, normalmente faço porque me sinto magoada também, ou neste caso incomprendida.

Não meço as palavras, saem-me da boca mais rapidamente do que eu as consigo processar. Ás vezes nem são verdade, ás vezes nem as sinto tao firmemente como as pronuncio, e depois fico partida em mil pedaços a tentar entender o que me fez dizê-las em primeiro lugar.

 Magoo sempre aqueles que amo mais. Todos fazemos o mesmo. E gostava de saber porquê. Não sei e não vou tentar racionalizar isso, posso perguntar a alguns e sei que teria uma resposta muito completa mas acho que não a ia compreender de qualquer maneira.


Nunca gostamos de ouvir que não somos isto, ou aquilo muito menos quando estamos a fazer um esforço sobre humano para sermos aquilo que querem que sejamos.

Não sou uma pessoa com um humor fantastico, não sou alegre e contente e optimista, não está na minha personalidade ser assim. Mas tenho-me esforçado, pelos menos eu acho que tenho, porque sinto que tenho e ouvir dizer que não o era irritou-me.

Gostava de o ser, gostava de ver tudo sempre por um prisma positivo mas não consigo e então reclamo e acho que a vida não me corre bem e que nem vale a pena tentar.

Sinceramente ultimamente mais são as vezes que me apetece gritar e mandar tudo dar uma volta ao bilhar grande do que aquelas em que me sinto em paz com o mundo a minha volta. Muito sinceramente acho que se pudesse enfiava-me na minha cama e de lá não saia. Mas não fico na cama, levanto-me e faço aquilo que precisa de ser feito e tenho sabido engolir o choro e não falar sobre aquilo que me atormenta, ou pelo menos não partilha-lo com quem já me acha pessimista e deprimida sempre. Mas não gosto que pensem assim, não gosto de sentir que sou fraca, não gosto de pensar que quem me ama me acha uma triste, deprimente com um humor negro.
Então fiquei triste e como maneira de ripostar magoei alguém.

Não me sinto melhor, na verdade sinto-me ainda mais pessimista e mal humorada que costume.
É tudo uma questão de perspectiva e personalidade e eu sempre fui reclamona e chorona, portanto ouvi a verdade e a verdade magoo-me porque vinha da boca de quem eu não queria ouvir, porque gostava que me entendesse e visse que me estou a esforçar que estou de pé a fazer o que precisa de ser feito, e sempre com uma piada aqui e ali por mais sombria que seja.

Não creio que alguma vez vá ser um mar de boa disposição e alegria mas gostava ao menos de ás vezes não ser tão horrivél com quem amo e gostava de me conseguir fazer entender sem me sentir a afundar nas minhas próprias palavras.

Sempre me identifiquei mais com este ser assim, pessimista e descontente o que não quer dizer que não tenha os meus momentos de alegria ou que esteja sempre deprimida porque não estou. Gosto de ser assim porque quando os meus planos dão para o torto eu já estou á espera, mas quando correm bem a felicidade é proporcional ao esforço que fiz. Sempre fui de absolutos e gosto de ser assim, sou feliz assim. Sou feliz! Ponto.

De qualquer das maneiras gostava de ter explicado isto sem magoar alguém que amo. Gostava, mas não aconteceu. E já diz o ditado "de boas intenções".

Resta-me pedir desculpas e esperar que sejam aceites.
Ás vezes é a única solução, ás vezes é a única maneira. Ás vezes é por alguma razão ,e sempre sempre vale a pena.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Há Dias

Há dias da minha vida em que eu trocava toda a liberdade, poder de decisão, nariz empinado e tudo aquilo com que sonhava quando era adolescente para ter a minha familia ao pé de mim.
Durante toda a minha infância e adolescência só pensava em fazer 18 anos para sair de casa. A minha familia disfuncional levava-me á loucura.
Hoje com 25 anos e por mais disfuncional que ela fosse só queria o colinho da minha mãe, o abraço do meu irmão, e o meu pai a dizer-me que sabia que eu conseguia fazer melhor(mesmo que esse comentário me irritasse, hoje ia saber-me bem ouvir).
Mas de todos é mesmo o colinho da minha mãe que eu tenho saudades. Não há absolutamente nada como o colinho de mãe, e os conselhos de mãe.
E a minha mãe era mesmo perfeita para isso, era justa e recta e por vezes até severa mas para essa medidas tinha sempre uma dose igual de mimo, beijos e abraços.
Uma mãe pode substituir todas as pessoas na nossa vida mas ninguém pode substituir a nossa mãe.
E essa é uma verdade que doi, doi um bocadinho, faz o coração pequenino, esbofeteia-nos com a realidade.
Portanto não há mais nada que fazer a não ser limpar as lagrimas, engolir os soluços e começar a tomar as decisões sozinha.
Se bem que eu sei que não estou sozinha mas hoje disserem o que disserem não quero mais ninguém, so queria mesmo era a minha mãe.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Passado Ensina Sempre Alguma Lição

Ontem pus a conversa em dia com uma colega do Secundário. Na altura era mesmo só isso, uma colega.
A meio da nossa conversa ela perguntou-me o que achava dela quando andávamos na escola, a minha alma tremeu quando me lembrei daquilo que pensava dela mas tinha que ser honesta.
Após a resposta (que até nem correu tão mal quanto eu achava) pus-me a pensar nesses tempos de escola e na pessoa que eu era na altura e parte de mim sentiu-se envergonhada e a outra parte quis dar umas bofetadas naquela adolescente que se achava senhora do mundo.
Atenção, eu não fui uma péssima adolescente que se fartou de dar trabalho aos pais, nem podia se quisesse, mas fui sempre uma daquelas miudas que se achava superior, mandona, de nariz empinado e opinião na ponta da lingua.
Tinha sempre notas razoaveis, e um grupo de amigos coeso que era tão parvinho quanto eu em algumas coisas e porque tinhamos esse grupinho tão fixe achavámo-nos os maiores.
Naquela altura a maior parte de nós não sabia aquilo que o futuro nos reservava, alguns já tinham uma ideia delineada e outros já estavam a tratar do assunto.
Não tenho saudades to tempo do liceu, não queria voltar a esse tempo se me dessem a oportunidade mas tenho boas memorias, memorias de amizades verdadeiras e de um sitio onde erámos familia, aonde se um ficava de castigo os outros ajudavam ou pelo menos tentavam alegrar. De passar bilhetinhos nas aulas de formas tão originais que só de pensar me dá vontade de rir do trabalho que tinhamos para tal coisa.
Eu disse-lhe o que achava dela na altura, que é uma opinião que nada tem haver com aquilo que penso dela agora. Até porque por incrivel que pareça temos até bastante em comum hoje em dia.
A diferença daquela miuda do secundario para mim hoje é que desta vez fui cuidadosa, realmente me preocupei em ser verdadeira e amiga, porque quis ser honesta mas também quis manter a nossa amizade de agora e não quis deliberadamente magoar ninguém(na altura do liceu eu não estaria nem ai, é uma vergonha eu sei).
Gosto de ser adulta(pelo menos nisto gosto) gosto de me preocupar e gosto de cuidar, e já não me interessa se sou popular ou não, se o A. gosta de mim ou se o B. vai com a Maria á festa.
Mas é bom lembrar porque foi assim que cheguei aqui e hoje sou assim porque cresci e aprendi.
Gosto de ouvir as histórias de cada um, e do rumo que cada um deu á sua vida, 3 rapazes da nossa turma casaram este ano e muitos de nós estão em partes opostas do mundo, cada um no seu caminho, mas eu aposto que todos nós no lembramos daqueles dias com carinho :)