sábado, 10 de março de 2012

O meu Curso e como me doí no bolso

Desde que me conheço por gente que sempre achei que quando fosse grande ia ser brilhante.
Convencida! Talvez, mas eu acredito que se trabalharmos muito para uma coisa que queremos muito só existe um possível outcome: Ser Brilhante.
Quiz ser muitas coisas arqueóloga, antropologa, médica legista, neurocirugiã, professora de fisica quântica e agente do FBI.
Tirando o agente do FBI todas as minhas profissões tinham como elo a ciência e todas tinha que andar na faculdade uma porrada de anos. Ora eu já não caminho para os 18 e andar 10 anos a estudar ia dar cabo de outros planos pessoais para a minha vida mas como gostava de passar uma vida a fazer algo que me alegrasse a alma quis ir tirar enfermagem.
Quando a minha mãe estava pior e passava longos periodos de tempo no hospital e eu passava lá imensas horas pude ver de perto o trabalho das enfermeiras e enfermeiros alguns eram autenticos idiotas mas a maior parte deles eram pessoas maravilhosas e excelentes profissionais e talvez tenha sido isso que me tenha feito trocar a arma pelo estétoscopio.
Infelizmente devido a algumas péssimas escolhas dos meus pais em termos de educação e também por causa de horários não me foi possivél ir para uma faculdade pública mas parte de mim está muito grata ao ensino privado pela oportunidade de me deixarem entrar como aluna externa e fazer o primeiro ano e apresentar o meu exame de biologia para me inscrever no segundo ano, a parte que não está grata é a parte que arrota com 395 euros por mês de propina.
A escolha foi minha foi, mas eu pensava que teria um emprego e que estaria a ganhar um pouco mais que aquilo que ganho no meu part time e não é por falta de tentativas de procura. Até a entrevistas colectivas eu já fui aonde marcam 15 pessoas para a mesma hora e quem aparecer é entrevistado.
E tudo isto seria mais fácil e compensador se eu não tivesse uma casa para sustentar e contas para pagar.
Até agora tenho-me mantido a tona, mas está para breve a altura de tomar decisões dificeis.
E o meu dilema é: desiste-se de um sonho, de algo que se lutou muito para ter, que se bateu a tantas portas e ouviu tantos não para nos concentrarmos naquilo que é real e palpável e seguro á nossa volta?
E como diz uma blogger que eu gosto muito: Eu já me habituei a [quase] tudo. A vida nunca quis ser muito meiga comigo. Sai-me tudo do lombo, tudo. Poucas foram as vezes, que algo veio ter comigo sem ser antecido de uma grande luta. Daqui: http://vestidinhosecalcoezinhos.blogspot.com/

Ninguém nos explica que ser adulto vai ser assim tão complicado, e nunca ninguém me disse que os meus 25 anos iam trazer tantas alegrias e tantas decisões difíceis.

Eventualmente tudo há de tomar o rumo certo só espero ganhar mais que aquilo que perco, ou julgo perder.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Não há como não ficar triste!

Este post hoje serve para ilustrar claramente a tristeza que eu sinto por ver este país( que de certa maneira é meu) chegar a tal situação.
Vim para Portugal piriri filha de mãe angolana e pai brasileiro nascida nos E.U.A e como tal sou considerada americana( só porque os meus pais nunca me naturalizaram portuguesa porque á 22 anos que cá vivo),
Portugal sempre foi a minha casa, a minha terra, o lugar de todas as minhas memórias, aonde fui muito feliz e muito triste.
Sempre trabalhei e acho que já fiz de tudo um pouco, sempre com a ideia de que iria estudar eventualmente. O que eventualmente (este ano) aconteceu ao entrar na Faculdade para enfermagem, sonho antigo e que eu sinceramente já não julgava capaz de realizar, mas nunca desisti e esse não desistir que faz de mim por vezes o ser mais teimoso á face da terra também fez de mim o ser mais feliz.
Saí do trabalho aonde estava numa clínica pois seria impossivel conciliar horários, trabalhei numa guest house, a vender voltas de charrete em Sintra, tomei conta de crianças tudo isto para continuar a pagar a minha casa, as contas e tentar juntar para a faculdade(a parte do juntar não resultou muito bem) mas tenho- me safado, não devo nada a ninguém. Voltei a dar aulas de Inglês porque me dá alegria, ir para a escola dar aulas aos meus meninos é algo que me alegra. Escolhi trabalhar em parceria com uma instituição para poder dar aulas em escolas públicas porque é ai que eu sinto que sou necessária, porque é ai que eu sei que tenho um impacto.
Está instituição trabalha com a Camâra e tecnicamente é a Camâra que nos paga com a verba que cada Camâra tem disponível para o efeito.
Eu não ganho muito mas de momento essa é a única fonte de rendimento fixo que eu tenho, tudo o resto é conforme o trabalho, conforme as explicações, conforme os babysittings.
Até hoje quando recebi um email a dizer que não nos tinham pago o vencimento ainda pois não tinham recebido a verba que é para o salário dos professores e que talvez agora só dia 15.
Só me apetece sentar no chão e chorar. Eu não ando a dormir, farto-me de enviar CV's, estava disposta a trabalhar, estudar e dar aulas tudo ao mesmo tempo se tiver que ser, não estou disposta a abrir mão do meu sonho em prol do trabalho mas sinceramente não estou a ver muitas opções e aquelas que tinha, até essas estão a desaparecer.
Isto deixa-me triste mas infelizmente não tenho tempo para ficar triste pois tenho que arranjar solução para a renda, para a faculdade e todas as despesas e infelizmente também não tenho pais que me possam sustentar, este é só o meu desabafo.
Eu sei que hei-de arranjar solução e trabalho e que não vou desistir mas hoje e apesar de começar as minhas aulas que era algo que eu queria muito, amanhã estou triste.
A vida de adulto ás vezes é isto, uma grandessissima porcaria.
Mas como se diz lá na minha terra "You can bend me, but you cannot break me" chew on that LIFE!