quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Mudança e Eu

Nunca fui grande adepta de mudanças. Pode ter algo a ver com o ter andado constantemente a mudar de casa quando era criança, e depois as 9 vezes que mudei em 2 anos já em adolescente. A mudança a mim é uma cena que não me assiste e que me assusta mais do que descer uma estrada nacional num skate.

Estou aqui sentada na minha mesa da sala de jantar a olhar para a imensidão de livros na minha estante e a pensar que a última coisa que quero é empacotar isto tudo. Olho para o meu quarto e penso a mesma coisa, olho para a minha cozinha e fico a pensar o quanto eu já la fui feliz, nos jantares que fiz com amor e nos momentos divertidos que passei na cozinha. Para a maior parte das pessoas secalhar uma cozinha não diz tanto, até é um lugar por norma detestado, mas eu já fui mesmo muito feliz na minha cozinha.
Lembro-me do primeiro dia que passei nesta casa, depois de tudo arrumado, limpo e as compras arrumadas na dispensa a primeira coisa que fiz foi tirar uma foto á bendita dispensa porque era a  MINHA primeira dispensa, cheia de coisinhas que EU tinha comprado. Que felicidade que senti!

Sou uma pessoa que gosta de estar em casa, gosto de ficar sentada no meu sofá a ver uma serie, gosto de estar sossegada no meu computador no silêncio a fazer as minhas coisas, gosto de me sentar na minha maquina de secar ao pé da janela e ver a vida a acontecer lá fora. Quando o meu dia não corre bem aquilo que o meu ser mais deseja é retornar a casa tomar um banho enfiar-me na cama com um chá e ler um bom livro, ou ver uma série. Não preciso muito de ser feliz.

A minha aversão á mudança existe porque a mudança ás vezes é desconhecida, ás vezes é pouco segura, ás vezes é como nos puxarem o tapete debaixo dos pés. E eu não gosto!
Existem pessoas que são muito boas, que tem esquemas, e maneiras que funcionam para eles, para mim a mudança seja o prático ou o emocional faz-me ficar doente, dá-me dores de barriga, faz com que o meu coração bata mais rápido.
Todas estas dúvidas assaltam a minha mente e começam a deixar-me nervosa, não consigo dormir, fico a duvidar de mim mesma e das decisões que tomei. Ser esta pessoa impulsiva também não ajuda em nada e pensar com as minhas emoções também não. O meu pai diz que quando decidimos algo não voltamos atrás e eu gostava de ser tão mais como ele, mas não sou.
A minha casa não é nada de especial, a maior parte das pessoas olhando para a minha casa e sabendo para onde vou agora iriam dar-me uma berlaitada, mas é MINHA, e eu investi muito nela.
Esta casa não é só uma casa, esta casa representou a minha liberdade, a minha passagem para ser uma verdadeira adulta, sabe os meus segredos todos, e dos momentos em que fui mais feliz, e daqueles em que fui mais triste e muitos que nem vale a pena comentar.

Começar de novo é algo que me devia ser natural, porque toda a minha vida foi assim, um constante começar sem nunca assentar e depois começava-se de novo. Eu fui uma criança feliz mesmo no meio dessa incerteza, em parte porque tinha uma mãe maravilhosa e em parte porque as crianças são mestres em arranjar mecanismos de suporte para estas situações.
A diferença é que eu já não tenho a minha mãe e também já não sou uma criança, a minha realidade hoje em dia é completamente diferente. Sei que não estou sozinha, tenho em mim uma paz que pode por vezes ser ofuscada pelo meu stress mas que está sempre la a brilhar para guiar o barco através do nevoeiro a porto seguro.
Todas as pessoas têm um porto seguro, eu não sou excepção, e muitas vezes esses portos nem sabem que papel ocupam na nossa vida:)

Eu sei que se avizinham dias de grande stress, de muita choradeira e de ainda mais frustração, mas também sei que não estou sozinha e que em mim vive um espirito resiliente que fára aquilo que tem que ser feito e vou sair victoriosa.

" Se aprendi algo na vida é que tudo passa"
Isto também passará :)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sou Assim E Gosto

Sou uma pessoa de absolutos, sempre fui e não sei ser de outra maneira. Se gosto é porque gosto, se não gosto então não gosto. Não sei o que é gostar mais ou menos, ou não saber exactamente. Posso por vezes não fazer a mínima ideia daquilo que quero, mas lá está, quando não sei também não sei mesmo, não é nunca um "secalhar pode ser isto, ou secalhar aquilo", não sei e pronto e vou tentando descobrir.E normalmente até sei só não o digo por esta e outra razão e pode parecer que ando no cinzento.

Ser assim já me trouxe alguns dissabores, já me fez dizer coisas de maneiras que talvez hoje me arrependa. Já disse que não gostava e depois passei a gostar mas ao menos não estive nunca no cinzento, é sempre branco ou preto.

A Filosofia sempre me deixou desconfiada, aquela constante incerteza, e busca assim muito no "in between" deixa-me de pé atrás, ou talvez seja só porque o meu pai gostava e eu tinha que ser o oposto.
Asfixia-me aquela ideia do não saber, do estar indeciso, do "não sei se diga, não sei se faça". Mata-me aos bocadinhos.

Claro que sei que há muito boa gente que é assim, no meio, e que é feliz a ser neutro, mas eu gosto do 8 e do 80.

Quando ponho em causa alguma coisa, quando não tenho certezas não me pronuncio, as palavras sábias da minha mãe "se não tens nada de bom e inteligente para dizer fica calada" vem-me á mente e eu sigo o conselho que nunca me deixou mal.

Agora quando tenho certezas, quando acredito em algo ninguém me pára. Já me mandaram para a rua quando andava no Secundário por defender os direitos dos trabalhadores mexicanos, por achar que embora economicamente o meu próprio país saía a ganhar eu não concordava com a maneira como o meu professor havia exposto a situação fazendo parecer que o meu país estava a estender a mão a quem precisava quando na realidade estava a aproveitar-se da situação. Fui para a rua por ter uma opinião mas fui de consciência tranquila.
Sou firme nas minhas crenças, não me deixo ir abaixo, não concordo para ser aceite, e não faço a ou b a pensar no que hão-de pensar de mim. Sou terrivelmente honesta e as vezes magoo as pessoas a minha volta.

Portanto não concebo o viver nas incerteza. Afecta-me de tal maneira o sistema nervoso que me sinto mal disposta, tonta com vontade de gritar.
Fui criada assim a ser honesta, ponderada, firme, e decidida e não sei ser de outra maneira. Claro que há dias em que sou melhor que outros, mas a norma é esta e nunca ao contrário.

A minha personalidade vincada vem de pequenina, sempre fui independente, sempre tive uma opinião, e a medida que uso para julgar alguém uso com maior força para me julgar a mim mesma. Tenho os meus valores vincados em mim desde miuda e nem sempre estes estão em total acordo com o Universo á minha volta.
Não podemos agradar a Gregos e Troianos. Temos direito a uma opinião mas a nossa liberdade acaba aonde a de outra pessoa começa, e ai entra o respeito pelas opiniões alheias, as crenças alheias e tudo o resto que não entre em acordo com o que acreditamos. Pelo menos eu acredito nisso.

 Mas também acredito que há coisas erradas, muito erradas e que calarmo-nos por respeito é ainda mais errado. Mas como para tudo há maneiras e maneiras.
Há alturas em que o melhor mesmo é levantar a bandeira branca.

O maior problema de ser assim é que não nos contentamos, como temos padrões altos para nós próprios impomos esses mesmos padrões a quem está a nossa volta, a quem nos é proximo, a quem amamos. E muitas vezes essas expectativas não são reais e criam um certo desconforto, porque existem pessoas que são felizes no cinzento, que preferem esse lugar mais neutro, que não gostam do 8 e do 80 porque não se sentem seguros.

As expectativas que temos não são portanto saúdaveis e por vezes destroem coisas bonitas porque trazem frustração e desilusão para relacionamentos outrora saúdaveis e alegres.
É o que se faz com essas expectativas que faz a diferença entre o cair no abismo ou escalar a montanha. Quando deixamos que a frustração e a desilusão tomem conta de nós já estamos a perder para o abismo, agora quando escolhemos ouvir, lutar, acreditar estamos a escalar a montanha.
Eu gosto de pensar que escalo a montanha, mas até o alpinista mais experiente precisa de descansar e por os pensamentos em perspectiva, porque senão a meio da escalada cansa-se.

É nesse lugar onde me encontro agora. Sendo uma pessoa de absolutos e ideias fixas e uma honestidade ás vezes crua, tenho semelhantes expectativas para aqueles que amo, e quando essas pessoas não atingem o nivel que gostava de ver deparo-me com a escolha de cair no abismo ou continuar a escalada. Eu quero continuar a escalar, mas estou cansada e preciso de pôr as ideias na perspectiva correcta e lidar com coisas como o perdão, a paciência, o amor, a raiva, a frustração e até com a imensa vontade de me atirar para o abismo só porque já estou farta.

Está alpinista aqui vai sentar-se a meio da montanha olhar o pôr do sol e pedir ao Senhor Deus o discernimento para tomar a decisão correcta ( que com toda a certeza não vai incluir o atirar-me para o abismo) e ficar a descansar até sentir paz e força para voltar a escalar a montanha.

E neste preciso momento essa é também a única expectativa que eu vou por na minha lista de expectativas que tenho para aqueles a minha volta: Discernimento para tomar decisões importantes que sejam brancas ou pretas e nunca cinzentas.

Pode ser que um dia nos encontre-mos no cimo da montanha ;)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ás vezes...

Hoje magoei alguém que amo. Não gosto de magoar quem amo, não gosto de magoar ninguém, mas tenho esta habilidade natural de saber magoar alguém com as minhas palavras. Não o faço com essa intenção, normalmente faço porque me sinto magoada também, ou neste caso incomprendida.

Não meço as palavras, saem-me da boca mais rapidamente do que eu as consigo processar. Ás vezes nem são verdade, ás vezes nem as sinto tao firmemente como as pronuncio, e depois fico partida em mil pedaços a tentar entender o que me fez dizê-las em primeiro lugar.

 Magoo sempre aqueles que amo mais. Todos fazemos o mesmo. E gostava de saber porquê. Não sei e não vou tentar racionalizar isso, posso perguntar a alguns e sei que teria uma resposta muito completa mas acho que não a ia compreender de qualquer maneira.


Nunca gostamos de ouvir que não somos isto, ou aquilo muito menos quando estamos a fazer um esforço sobre humano para sermos aquilo que querem que sejamos.

Não sou uma pessoa com um humor fantastico, não sou alegre e contente e optimista, não está na minha personalidade ser assim. Mas tenho-me esforçado, pelos menos eu acho que tenho, porque sinto que tenho e ouvir dizer que não o era irritou-me.

Gostava de o ser, gostava de ver tudo sempre por um prisma positivo mas não consigo e então reclamo e acho que a vida não me corre bem e que nem vale a pena tentar.

Sinceramente ultimamente mais são as vezes que me apetece gritar e mandar tudo dar uma volta ao bilhar grande do que aquelas em que me sinto em paz com o mundo a minha volta. Muito sinceramente acho que se pudesse enfiava-me na minha cama e de lá não saia. Mas não fico na cama, levanto-me e faço aquilo que precisa de ser feito e tenho sabido engolir o choro e não falar sobre aquilo que me atormenta, ou pelo menos não partilha-lo com quem já me acha pessimista e deprimida sempre. Mas não gosto que pensem assim, não gosto de sentir que sou fraca, não gosto de pensar que quem me ama me acha uma triste, deprimente com um humor negro.
Então fiquei triste e como maneira de ripostar magoei alguém.

Não me sinto melhor, na verdade sinto-me ainda mais pessimista e mal humorada que costume.
É tudo uma questão de perspectiva e personalidade e eu sempre fui reclamona e chorona, portanto ouvi a verdade e a verdade magoo-me porque vinha da boca de quem eu não queria ouvir, porque gostava que me entendesse e visse que me estou a esforçar que estou de pé a fazer o que precisa de ser feito, e sempre com uma piada aqui e ali por mais sombria que seja.

Não creio que alguma vez vá ser um mar de boa disposição e alegria mas gostava ao menos de ás vezes não ser tão horrivél com quem amo e gostava de me conseguir fazer entender sem me sentir a afundar nas minhas próprias palavras.

Sempre me identifiquei mais com este ser assim, pessimista e descontente o que não quer dizer que não tenha os meus momentos de alegria ou que esteja sempre deprimida porque não estou. Gosto de ser assim porque quando os meus planos dão para o torto eu já estou á espera, mas quando correm bem a felicidade é proporcional ao esforço que fiz. Sempre fui de absolutos e gosto de ser assim, sou feliz assim. Sou feliz! Ponto.

De qualquer das maneiras gostava de ter explicado isto sem magoar alguém que amo. Gostava, mas não aconteceu. E já diz o ditado "de boas intenções".

Resta-me pedir desculpas e esperar que sejam aceites.
Ás vezes é a única solução, ás vezes é a única maneira. Ás vezes é por alguma razão ,e sempre sempre vale a pena.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Há Dias

Há dias da minha vida em que eu trocava toda a liberdade, poder de decisão, nariz empinado e tudo aquilo com que sonhava quando era adolescente para ter a minha familia ao pé de mim.
Durante toda a minha infância e adolescência só pensava em fazer 18 anos para sair de casa. A minha familia disfuncional levava-me á loucura.
Hoje com 25 anos e por mais disfuncional que ela fosse só queria o colinho da minha mãe, o abraço do meu irmão, e o meu pai a dizer-me que sabia que eu conseguia fazer melhor(mesmo que esse comentário me irritasse, hoje ia saber-me bem ouvir).
Mas de todos é mesmo o colinho da minha mãe que eu tenho saudades. Não há absolutamente nada como o colinho de mãe, e os conselhos de mãe.
E a minha mãe era mesmo perfeita para isso, era justa e recta e por vezes até severa mas para essa medidas tinha sempre uma dose igual de mimo, beijos e abraços.
Uma mãe pode substituir todas as pessoas na nossa vida mas ninguém pode substituir a nossa mãe.
E essa é uma verdade que doi, doi um bocadinho, faz o coração pequenino, esbofeteia-nos com a realidade.
Portanto não há mais nada que fazer a não ser limpar as lagrimas, engolir os soluços e começar a tomar as decisões sozinha.
Se bem que eu sei que não estou sozinha mas hoje disserem o que disserem não quero mais ninguém, so queria mesmo era a minha mãe.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Passado Ensina Sempre Alguma Lição

Ontem pus a conversa em dia com uma colega do Secundário. Na altura era mesmo só isso, uma colega.
A meio da nossa conversa ela perguntou-me o que achava dela quando andávamos na escola, a minha alma tremeu quando me lembrei daquilo que pensava dela mas tinha que ser honesta.
Após a resposta (que até nem correu tão mal quanto eu achava) pus-me a pensar nesses tempos de escola e na pessoa que eu era na altura e parte de mim sentiu-se envergonhada e a outra parte quis dar umas bofetadas naquela adolescente que se achava senhora do mundo.
Atenção, eu não fui uma péssima adolescente que se fartou de dar trabalho aos pais, nem podia se quisesse, mas fui sempre uma daquelas miudas que se achava superior, mandona, de nariz empinado e opinião na ponta da lingua.
Tinha sempre notas razoaveis, e um grupo de amigos coeso que era tão parvinho quanto eu em algumas coisas e porque tinhamos esse grupinho tão fixe achavámo-nos os maiores.
Naquela altura a maior parte de nós não sabia aquilo que o futuro nos reservava, alguns já tinham uma ideia delineada e outros já estavam a tratar do assunto.
Não tenho saudades to tempo do liceu, não queria voltar a esse tempo se me dessem a oportunidade mas tenho boas memorias, memorias de amizades verdadeiras e de um sitio onde erámos familia, aonde se um ficava de castigo os outros ajudavam ou pelo menos tentavam alegrar. De passar bilhetinhos nas aulas de formas tão originais que só de pensar me dá vontade de rir do trabalho que tinhamos para tal coisa.
Eu disse-lhe o que achava dela na altura, que é uma opinião que nada tem haver com aquilo que penso dela agora. Até porque por incrivel que pareça temos até bastante em comum hoje em dia.
A diferença daquela miuda do secundario para mim hoje é que desta vez fui cuidadosa, realmente me preocupei em ser verdadeira e amiga, porque quis ser honesta mas também quis manter a nossa amizade de agora e não quis deliberadamente magoar ninguém(na altura do liceu eu não estaria nem ai, é uma vergonha eu sei).
Gosto de ser adulta(pelo menos nisto gosto) gosto de me preocupar e gosto de cuidar, e já não me interessa se sou popular ou não, se o A. gosta de mim ou se o B. vai com a Maria á festa.
Mas é bom lembrar porque foi assim que cheguei aqui e hoje sou assim porque cresci e aprendi.
Gosto de ouvir as histórias de cada um, e do rumo que cada um deu á sua vida, 3 rapazes da nossa turma casaram este ano e muitos de nós estão em partes opostas do mundo, cada um no seu caminho, mas eu aposto que todos nós no lembramos daqueles dias com carinho :)